Felicidade
X Prazer
As mudanças ocorridas na sociedade
nos últimos tempos levaram a uma valorização desproporcional do estado de
alegria constante, estar alegre quase que passou a ser uma obrigação, e não
estar quase chega a ser sintoma de doença, de depressão.
Nessa batida somos forçados a nos
sentir sempre bem, estar sempre com um sorriso nos lábios, momentos de recolhimento
e dor, antes considerados normais, agora são condenados. Ninguém pode sofrer
nesse mundo.
Somos forçados a entender
felicidade, prazer e alegria como sinônimos, e eles definitivamente não são.
Felicidade é um estado interno, muitas vezes proporcionado por momento de
desprazer e dificuldade. Um dos ícones do que pode ser considerado “felicidade”,
não apenas hoje, mas que é um conceito que sempre existiu é ter filhos.
Escritores em todas as formas proclamam em prosa e verso a felicidade de uma
mãe ter seu filho nos braços e acalentá-lo. Quando alguém pensa em ter filhos,
quase sempre se depara apenas com o “lado bom” da situação, sem pensar nas
muitas horas de dificuldades que cada fase da vida de seu filho trará.
Quem
é que, em sã consciência pode dizer que é um prazer, ou mesmo uma alegria sair
de uma cama quentinha em uma noite de frio para levar um bebê ao PS quando isso
é necessário? E se no dia seguinte essa pessoa tiver uma reunião de trabalho
importante, para a qual se preparou durante semanas? E qual é o sentimento no
dia seguinte, quando a criança abre os olhinhos e sorri sentindo-se bem? As
principais conquistas de felicidade acontecem após períodos de dificuldades e
mesmo de dor. Não há como evitar que problemas aconteçam.
Nunca se receitou tanto antidepressivo como hoje, o que nos leva a questionar o conceito de doença, tristeza e o de
felicidade. O que é felicidade? É a
combinação de substâncias químicas no sistema nervoso, ou é uma conquista, um
estado de espírito? Sentir tristeza faz parte da vida, damesma maneira que
sentir prazer, ambos são igualmente importantes para a saúdemental. Tristeza e angústia fazem parteda vida e
ajudam a crescer como pessoas,elas devem provocar um movimento de aumento da
capacidade de pensar e decidir,e não anestesiar.
Tomar
um antidepressivo não tem relação com a felicidade, que é um conceito pessoal e
muda com o passar do tempo. Tomar antidepressivo é a atitude que deve ser
tomada quando alguém tem depressão, que
é uma doença, catalogada pela Organização Mundial da Saúde, deve ser
acompanhada por um médico, especialista em Saúde Mental, como acontece quando
outras doenças se instalam.
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