sexta-feira, 20 de abril de 2012

Sistema límbico, córtex pre frontal e TDAH


O córtex pré frontal é a estrutura mais evoluida do cérebro dos homens. Suas funções são:
Controle da atenção – memória a curto prazo, e aprendizado.
·        Perseverança
·        Capacidade adequada de emitir julgamentos
·        Capacidade  de automoritoração e supervisão
·        Resolução de problemas
·        Pensamento critico e antecipado – capacidade de “previsão”
·        Aprender com a experiência
·        Habilidade de sentir e expressar emoções
·        Interação com sistema límbico: controla o humor e a libido, envia mensagens inibitórias que ajudam a controlar as emoções”manter as coisas sob controle”,  controle da hiperatividade e do humor.
O sistema límbico é a sede das emoções no cérebro. Tem por principais funções:
·        Filtrar os eventos externos através dos estados internos - Estabelecer o “tom emocional”
·        Identificar eventos emocionalmente importantes
·        Armazenar lembranças emocionais
·        Modular a motivação e o impulso
·        Controlar ciclos de apetite e sono
·        Promover ligações e contatos sociais que por sua vez influencia seus estados mentais - Solidariedade
·        Processar diretamente o olfato
·        Modular a libido
·        O sistema límbico observa, supervisiona, guia, direciona, e concentra o pensamento. Supervisiona as funções executivas governando habilidades complexas como  julgamento, gerenciamento e controle de impulso, planejamento, organização e pensamento crítico. Capacidade de planejar antecipadamente, usar o tempo com sabedoria, e se comunicar adequadamente com os outros.
·        Ajuda resolver  problemas com base na experiência.

Pessoas com TDAH apresentam  deficiência  da dopamina – que é um neurotransmissor ligado às senseções de prazer. O controle do bem estar é executado pela endorfina. Pessoas com TDAH apresentam: 
·        Dificuldadede concentração: quanto mais você tenta, pior fica.
·        Pequeno âmbito de atenção - dificuldade de manter a atenção e o esforço durante períodos de tempo prolongados
·        Consegue prestar muita atenção em coisas que são bonitas, novas, novidades, coisas altamente estimulantes, interessantes ou assustadoras. Essas coisas oferecem uma estimulação intrínseca suficiente a ponto de ativarem o córtex pré-frontal, de modo que a pessoa consiga focalizar e se concentrar.
·        Distração  - o córtex pré-frontal manda sinais inibitórios para outras áreas do cérebro, filtrando e sossegando os dados advindos do meio, de modo que  haja concentração. Quando o córtex pré-frontal está com hiperatividade,  não desencoraja adequadamente as partes sensoriais do cérebro e, como resultado, estímulos em demasia bombardeiam o cérebro
·        Impulsividade  - dificuldade em controlar o que diz   , antes de ter a oportunidade de processar o pensamento
·        A busca do conflito  - como uma maneira de estimular seu próprio córtex pré-frontal. Isso não é identificado, planejado pela consciência. E ainda assim acontece. A relativa falta de atividade e estímulo do córtex pré-frontal anseia por mais atividade. Entrar em hiperatividade, desassossego, e ficar cantarolando são formas de auto-estimulação. Outro modo de as pessoas com DDA "tentarem ligar seus cérebros" é provocando confusão. O tumulto emocional gerado pela preocupação ou por estar aborrecido produz  o agente químico de estresse, o cortisol, que mantêm o cérebro ativo
·        Um problema significativo do uso da raiva, tumulto emocional e emoção negativa para auto-estimulação é isso que é danoso ao sistema imunológico. Os altos níveis de adrenalina produzidos pelo comportamento direcionado ao conflito diminuem a eficácia do sistema imunológico e aumentam a vulnerabilidade à doença. Sistema de luta e fuga e de manutenção do tônus de bem estar.
·        Desorganização inclui tanto o espaço físico, quanto o tempo. e parece que têm um sistema de arquivo que só elas podem entender
·        Começam muitos projetos, mas terminam poucos.
·        Mau humor e pensamento negativo Muitas pessoas com DDA tendem a ser mal-humoradas, irritadiças e negativas. Como o córtex pré-frontal está pouco ativo, ele não pode moderar totalmente o sistema límbico, que fica hiperativo, levando a problemas no controle do humor.

terça-feira, 17 de abril de 2012


Maus tratos provocam mortes em leitos psiquiátricos da região de Sorocaba

O Fórum da luta Antimanicomial de Sorocaba divulgou dado alarmante! Entre 2006 e 2009 morreram 459 pessoas que estavam internadas em clinicas da região. Esses dados foram colhidos no Censo Psicossocial dos Moradores de Estabelecimentos de Saúde, em bancos de dados do SUS.
Comparando esses dados com dados de instituições de outras regiões de São Paulo, no mesmo período, foi constatado um índice de 8,5 mortes por leito no período, contra 16,3 das instituições de Sorocaba, o dobro! Foram selecionadas instituições com mais de 200 leitos, com dados semelhantes à de Sorocaba. Entre dezenove hospitais pesquisados, o maior índice de mortes por leito no estado de São Paulo, sete eram da região de Sorocaba.
A média de idade na época da morte, nos hospitais de Sorocaba era de 45 anos, contra 62 dos outros hospitais. Considerando-se que pacientes psiquiátricos tem uma expectativa de vida  de dez anos a menos, seria de se esperar uma expectativa de 60 anos para os homens e 68 para as mulheres. A expectativa de Sorocaba está muito abaixo disso.
As causas de morte mais frequente nos hospitais  da região, não psiquiátricos são o infarto, com 23%  e a pneumonia, com 13 %, representando 41% do total. Os índices de Sorocaba também estão acima de todos os estabelecimentos pesquisados. A  conclusão que se pode chegar é que há maus tratos como causa das mortes dessas pessoas. 
Em junho, três pessoas internadas no hospital Vale das Hortênsias morreram de frio, por falta de cuidados. A causa de suas mortes foi insuficiência respiratória e edema pulmonar, e apenas uma  delas estava  em estado grave antes. Não havia médicos no hospital esse dia.
Quando um paciente psiquiátrico reclama de alguma coisa, dificilmente sua queixa é levada em conta, afinal “ele é apenas um louco!” Esse descaso ajuda a agravar a situação.
Os resultados dessa pesquisa resultaram em investigação e melhoria das condições desses hospitais, mas a lei que foi publicada em 2001, da reforma psiquiátrica não foi acatada por esses estabelecimentos que continuam com pacientes internados por anos,  sem trabalho de inserção social algum, trabalho feito pelos CAPS Centros de Apoio Psico Social, que deveriam substituir esses hospitais.
Esses hospitais são:

Hospital Psiquiátrico Vale das Hortênsias
Piedade
Clínica Psiquiátrica Salto de Pirapora
Salto de Pirapora
Hospital Psiquiátrico Santa Cruz
Salto de Pirapora
Hospital Jardim das Acácias
Sorocaba
Hospital Mental de Sorocaba
Sorocaba
Hospital Psiquiátrico Vera Cruz
Sorocaba
Hospital Teixeira Lima
Sorocaba

terça-feira, 3 de abril de 2012


A nova ciência das emoções
                Durante décadas de pesquisas, os neurocientistas observaram milhares de pessoas e verificaram que elas respondiam de forma diferente a experiências semelhantes. Porque algumas pessoas se recuperam rápido de experiências negativas e outras permanecem em auto recriminação e desespero? Porque algumas logo encontram um novo emprego após uma demissão e outras permanecem desempregadas?
A resposta que emerge de pesquisas mostra que as diferenças refletem o chamado “Estilo Emocional” – uma constelação de reações e respostas que diferem em qualidade, duração  e intensidade. Da mesma forma que cada um tem uma impressão digital, também o Perfil Emocional é único.
Não pode ser estabelecido um perfil de personalidade através de mecanismos neuropsicológicos,  não existe um padrão específico de atividade neural no cérebro. É aí que a teoria do Perfil Emocional se baseia, em neuroimagem e outros métodos. Estilo Emocional surge parcialmente de atividade em regiões envolvidas com a cognição, como razão e lógica, funções que os livros diziam não ter relação coma emoção.
Muitos psicólogos consideram a cognição, ativada pelo córtex frontal, como a mais qualificada das habilidades humanas. Em contraste com a emoção, ativada pelo sistema límbico, que nos homens não é muito diferente dos animais, considerada mais rudimentar e instintiva. Habilidades que eram consideradas independentes, ativadas por circuitos cerebrais mutuamente independentes  e separados.
Considerar as bases da  emoção parcialmente localizadas no centro cerebral da razão tem muitas e importantes implicações. Emoções assumem importante papel no pensamento neuropsicológico. A mais intrigante é: é possível transformar seu Estilo Emocional através da prática cognitiva sistemática. ( Essa é a base da terapia Cognitivo Comportamental) Pesquisas recentes conseguiram estabelecer um relacionamento entre as regiões cerebrais e suas funções, emoções e pensamento localizam-se em estruturas distantes uma da outra. O sistema límbico situa-se profundo no cérebro, incluindo a amigdala e o hipocampo, o lugar da raiva, medo ansiedade, tanto quanto de emoções positivas. O lobo frontal é a sede do pensamento, volição, julgamento, planejamento, as funções executivas.
Neurocientistas fixavam sua atenção apenas no lobo frontal, deixando as emoções para psicólogos. A primeira fissura nessa abordagem aconteceu nos anos 80, com alguns neurocientistas prestando mais atenção a aspectos de emoção, especialmente ligados a depressão. Pesquisas mostraram que a velocidade com que as pessoas conseguem sair de uma situação de adversidade emocional depende da ativação do lobo frontal, não do sistema límbico. Então os neurocientistas se perguntaram: o que o córtex frontal faz quando a pessoa sente uma emoção?
Existem “pacotes” de neurônios ligando as regiões do córtex pré-frontal e a amigdala. Talvez o córtex pré-frontal exerça ação de inibição da amigdala e esse mecanismo facilite a recuperação de adversidades emocionais.  Experiências foram feitas mostrando a sujeitos figuras de situações aversivas como crianças com tumores, mães abraçando bebês e cenas neutras. Em determinados momentos era emitido um som estridente e as pessoas piscavam. As pessoas que estavam observando cenas aversivas levavam mais tempo piscando que as outras. Foi observado que pessoas com mais ativação do córtex pré-frontal, principalmente o lobo esquerdo, se recuperam mais rápido de sentimentos fortes como o medo, raiva e desgosto provocado pelas imagens. Daí pode-se inferir que o lobo frontal envia sinais inibitórios  para a amigdala, instruindo-a a diminuir sua atividade, ajudando o cérebro a se recuperar de uma experiência perturbadora. Agora sabe-se que quanto mais axônios ligando um neurônio do córtex pré-frontal a um da amigdala houver, maior é a capacidade de uma pessoa se recuperar de uma situação emocional adversa. Através desse mecanismo, o “cérebro pensante” acalma as emoções, habilitando o cérebro a planejar e agir efetivamente em situações de emoções adversas.
Mesmo que essas caneccões não tenham sido criadas, hoje sabe-se que o cérebro tem uma propriedade de nome “neuroplasticidade” que é a habilidade de transformar a estrutura e funcionamento do cérebro de diversas maneiras, Não se conhece ainda o alcance dessa propriedade, mas sabe-se que o treino mental de padrões-alvo da atividade do cérebro funciona. Exercitar a atividade cerebral variando de Terapia Cognitivo Comportamental a meditação podem ajudar a desenvolver a mais ampla consciência de sinais sociais, uma sensibilidade mais profunda, uma perspectiva mais positiva e aumentar a capacidade de resiliência. O objetivo não é ir de um extremo ao outro, é ir do vagaroso para o rápido na escala de resiliência. Uma estratégia é concentrar-se atentamente sobre qualquer emoção negativa ou dor que está sentindo ou na dor de  alguém próximo.  Isso pode ajudar a sustentar a emoção e ao mesmo tempo aumentar a ativação do seu  córtex pré-frontal pelo menos por um tempo,  aumentando a ativação do seu circuito que é envolvido na dor e emoções adversas. Esse texto é uma adaptação da matéria da Newsweek fev/mar 2012