sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Como tratar o problema das drogas?

O psiquiatra Flávio Gikovate é taxativo: não existe receita. Cada caso tem sua complexidade, e o correto é, antes de mais nada, informar-se e buscar ajuda profissional. Ele também destaca que a grande maioria dos jovens usuários fazem uso das drogas por algum tempo, e depois param. Apenas um pequeno número continua usando drogas na vida adulta, e um número ainda menor se torna dependente.
Aliás, quanto à dependência química e psicológica, somente um profissional especializado no assunto pode fazer o diagnóstico e encaminhar ao tratamento, que raramente envolve procedimentos como internação ou medicação.
Mas, se o usuário já ultrapassou a linha do consumo eventual e/ou começa a sentir os efeitos nocivos das drogas sem conseguir reagir a eles, é hora (ou já se passou da hora) de se iniciar um tratamento.
Para superar o vício, o dependente precisa, antes de tudo, querer. Mas, se não houver uma vontade por parte do usuário, a intervenção familiar é bem-vinda e, em muitas vezes, consegue sucesso. Instituições de todos os tipos entram nessa batalha de cura. Os Narcóticos Anônimos, uma das mais conhecidas instituições, estabelecem passos básicos para o tratamento do usuário de drogas.
Esses "passos" incluem a admissão de que existe um problema, a busca de ajuda, auto-avaliação, partilha do problema preservando a identidade do dependente, reparação de danos causados pelo dependente e trabalho com outros usuários de drogas que queiram se recuperar.
Existem muitos tipos de dependências e o tratamento para cada uma delas é diferente. O tratamento também varia dependendo das características do paciente. Problemas mentais, ocupacionais, de saúde, ou sociais, que tornam as pessoas dependentes dificultam ainda mais o tratamento. As terapias comportamentais oferecem às pessoas estratégias para serem usadas nas crises de ausência da droga. Ensinam aos usuários meios de abandonar a droga e de evitar recaídas, e ajudam a lidar com as recaídas caso elas ocorram.
Os melhores programas juntam uma combinação de terapias e outros serviços para atingir as necessidades individuais do paciente que são ajustadas de acordo com a idade, raça, cultura, orientação sexual, gravidez, parentesco, moradia e emprego.
Pesquisas mostram que o uso contínuo da droga causa modificações significantes nas funções cerebrais que persistem por muito tempo depois que o indivíduo pára de usar a droga. Para pacientes internados ou não, o tratamento deve ter, em geral, a duração de 90 dias. Mas, tratamentos mais prolongados são indicados. Para a manutenção, um tratamento de 12 meses é o mínimo necessário.
O entendimento que o vício tem tal componente biológico é importante para ajudar a explicar a dificuldade que a pessoa tem de atingir e manter a abstinência sem tratamento. E revela o motivo do processo de tratamento do vício precisar de um longo período. Muitas instituições consideram, inclusive, que o tratamento de um dependente químico dura para o resto de sua vida.
Além de fazer com que o usuário abandone o uso de drogas, o êxito do tratamento leva a pessoa de volta às funções normais da família, do lugar de trabalho e da comunidade. O processo do tratamento individual depende da extensão e da natureza dos problemas apresentados pelo paciente e da participação ativa do paciente no tratamento.

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