A nova
ciência das emoções
Durante
décadas de pesquisas, os neurocientistas observaram milhares de pessoas e
verificaram que elas respondiam de forma diferente a experiências semelhantes.
Porque algumas pessoas se recuperam rápido de experiências negativas e outras
permanecem em auto recriminação e desespero? Porque algumas logo encontram um
novo emprego após uma demissão e outras permanecem desempregadas?
A resposta que emerge de pesquisas mostra que as
diferenças refletem o chamado “Estilo Emocional” – uma constelação de reações e
respostas que diferem em qualidade, duração
e intensidade. Da mesma forma que cada um tem uma impressão digital,
também o Perfil Emocional é único.
Não pode ser estabelecido um
perfil de personalidade através de mecanismos neuropsicológicos, não existe um padrão específico de atividade
neural no cérebro. É aí que a teoria do Perfil Emocional se baseia, em
neuroimagem e outros métodos. Estilo Emocional surge parcialmente de atividade
em regiões envolvidas com a cognição, como razão e lógica, funções que os
livros diziam não ter relação coma emoção.
Muitos psicólogos consideram a
cognição, ativada pelo córtex frontal, como a mais qualificada das habilidades
humanas. Em contraste com a emoção, ativada pelo sistema límbico, que nos
homens não é muito diferente dos animais, considerada mais rudimentar e
instintiva. Habilidades que eram consideradas independentes, ativadas por
circuitos cerebrais mutuamente independentes
e separados.
Considerar as bases da emoção parcialmente localizadas no centro
cerebral da razão tem muitas e importantes implicações. Emoções assumem
importante papel no pensamento neuropsicológico. A mais intrigante é: é
possível transformar seu Estilo Emocional através da prática cognitiva
sistemática. ( Essa é a base da terapia Cognitivo Comportamental) Pesquisas
recentes conseguiram estabelecer um relacionamento entre as regiões cerebrais e
suas funções, emoções e pensamento localizam-se em estruturas distantes uma da
outra. O sistema límbico situa-se profundo no cérebro, incluindo a amigdala e o
hipocampo, o lugar da raiva, medo ansiedade, tanto quanto de emoções positivas.
O lobo frontal é a sede do pensamento, volição, julgamento, planejamento, as
funções executivas.
Neurocientistas fixavam sua
atenção apenas no lobo frontal, deixando as emoções para psicólogos. A primeira
fissura nessa abordagem aconteceu nos anos 80, com alguns neurocientistas
prestando mais atenção a aspectos de emoção, especialmente ligados a depressão.
Pesquisas mostraram que a velocidade com que as pessoas conseguem sair de uma
situação de adversidade emocional depende da ativação do lobo frontal, não do
sistema límbico. Então os neurocientistas se perguntaram: o que o córtex
frontal faz quando a pessoa sente uma emoção?
Existem “pacotes” de neurônios
ligando as regiões do córtex pré-frontal e a amigdala. Talvez o córtex
pré-frontal exerça ação de inibição da amigdala e esse mecanismo facilite a
recuperação de adversidades emocionais.
Experiências foram feitas mostrando a sujeitos figuras de situações
aversivas como crianças com tumores, mães abraçando bebês e cenas neutras. Em
determinados momentos era emitido um som estridente e as pessoas piscavam. As
pessoas que estavam observando cenas aversivas levavam mais tempo piscando que
as outras. Foi observado que pessoas com mais ativação do córtex pré-frontal,
principalmente o lobo esquerdo, se recuperam mais rápido de sentimentos fortes
como o medo, raiva e desgosto provocado pelas imagens. Daí pode-se inferir que
o lobo frontal envia sinais inibitórios
para a amigdala, instruindo-a a diminuir sua atividade, ajudando o
cérebro a se recuperar de uma experiência perturbadora. Agora sabe-se que
quanto mais axônios ligando um neurônio do córtex pré-frontal a um da amigdala
houver, maior é a capacidade de uma pessoa se recuperar de uma situação
emocional adversa. Através desse mecanismo, o “cérebro pensante” acalma as
emoções, habilitando o cérebro a planejar e agir efetivamente em situações de
emoções adversas.
Mesmo que essas caneccões não
tenham sido criadas, hoje sabe-se que o cérebro tem uma propriedade de nome
“neuroplasticidade” que é a habilidade de transformar a estrutura e
funcionamento do cérebro de diversas maneiras, Não se conhece ainda o alcance
dessa propriedade, mas sabe-se que o treino mental de padrões-alvo da atividade
do cérebro funciona. Exercitar a atividade cerebral variando de Terapia
Cognitivo Comportamental a meditação podem ajudar a desenvolver a mais ampla consciência
de sinais sociais, uma sensibilidade mais profunda, uma perspectiva mais
positiva e aumentar a capacidade de resiliência. O objetivo não é ir de um
extremo ao outro, é ir do vagaroso para o rápido na escala de resiliência. Uma estratégia é
concentrar-se atentamente sobre qualquer emoção negativa ou dor que
está sentindo ou na dor de alguém
próximo. Isso pode ajudar a sustentar a emoção e ao mesmo tempo aumentar
a ativação do seu córtex pré-frontal
pelo menos por um tempo, aumentando a ativação
do seu circuito que é envolvido na dor e emoções adversas. Esse texto é uma adaptação da matéria da Newsweek fev/mar 2012
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