terça-feira, 3 de abril de 2012


A nova ciência das emoções
                Durante décadas de pesquisas, os neurocientistas observaram milhares de pessoas e verificaram que elas respondiam de forma diferente a experiências semelhantes. Porque algumas pessoas se recuperam rápido de experiências negativas e outras permanecem em auto recriminação e desespero? Porque algumas logo encontram um novo emprego após uma demissão e outras permanecem desempregadas?
A resposta que emerge de pesquisas mostra que as diferenças refletem o chamado “Estilo Emocional” – uma constelação de reações e respostas que diferem em qualidade, duração  e intensidade. Da mesma forma que cada um tem uma impressão digital, também o Perfil Emocional é único.
Não pode ser estabelecido um perfil de personalidade através de mecanismos neuropsicológicos,  não existe um padrão específico de atividade neural no cérebro. É aí que a teoria do Perfil Emocional se baseia, em neuroimagem e outros métodos. Estilo Emocional surge parcialmente de atividade em regiões envolvidas com a cognição, como razão e lógica, funções que os livros diziam não ter relação coma emoção.
Muitos psicólogos consideram a cognição, ativada pelo córtex frontal, como a mais qualificada das habilidades humanas. Em contraste com a emoção, ativada pelo sistema límbico, que nos homens não é muito diferente dos animais, considerada mais rudimentar e instintiva. Habilidades que eram consideradas independentes, ativadas por circuitos cerebrais mutuamente independentes  e separados.
Considerar as bases da  emoção parcialmente localizadas no centro cerebral da razão tem muitas e importantes implicações. Emoções assumem importante papel no pensamento neuropsicológico. A mais intrigante é: é possível transformar seu Estilo Emocional através da prática cognitiva sistemática. ( Essa é a base da terapia Cognitivo Comportamental) Pesquisas recentes conseguiram estabelecer um relacionamento entre as regiões cerebrais e suas funções, emoções e pensamento localizam-se em estruturas distantes uma da outra. O sistema límbico situa-se profundo no cérebro, incluindo a amigdala e o hipocampo, o lugar da raiva, medo ansiedade, tanto quanto de emoções positivas. O lobo frontal é a sede do pensamento, volição, julgamento, planejamento, as funções executivas.
Neurocientistas fixavam sua atenção apenas no lobo frontal, deixando as emoções para psicólogos. A primeira fissura nessa abordagem aconteceu nos anos 80, com alguns neurocientistas prestando mais atenção a aspectos de emoção, especialmente ligados a depressão. Pesquisas mostraram que a velocidade com que as pessoas conseguem sair de uma situação de adversidade emocional depende da ativação do lobo frontal, não do sistema límbico. Então os neurocientistas se perguntaram: o que o córtex frontal faz quando a pessoa sente uma emoção?
Existem “pacotes” de neurônios ligando as regiões do córtex pré-frontal e a amigdala. Talvez o córtex pré-frontal exerça ação de inibição da amigdala e esse mecanismo facilite a recuperação de adversidades emocionais.  Experiências foram feitas mostrando a sujeitos figuras de situações aversivas como crianças com tumores, mães abraçando bebês e cenas neutras. Em determinados momentos era emitido um som estridente e as pessoas piscavam. As pessoas que estavam observando cenas aversivas levavam mais tempo piscando que as outras. Foi observado que pessoas com mais ativação do córtex pré-frontal, principalmente o lobo esquerdo, se recuperam mais rápido de sentimentos fortes como o medo, raiva e desgosto provocado pelas imagens. Daí pode-se inferir que o lobo frontal envia sinais inibitórios  para a amigdala, instruindo-a a diminuir sua atividade, ajudando o cérebro a se recuperar de uma experiência perturbadora. Agora sabe-se que quanto mais axônios ligando um neurônio do córtex pré-frontal a um da amigdala houver, maior é a capacidade de uma pessoa se recuperar de uma situação emocional adversa. Através desse mecanismo, o “cérebro pensante” acalma as emoções, habilitando o cérebro a planejar e agir efetivamente em situações de emoções adversas.
Mesmo que essas caneccões não tenham sido criadas, hoje sabe-se que o cérebro tem uma propriedade de nome “neuroplasticidade” que é a habilidade de transformar a estrutura e funcionamento do cérebro de diversas maneiras, Não se conhece ainda o alcance dessa propriedade, mas sabe-se que o treino mental de padrões-alvo da atividade do cérebro funciona. Exercitar a atividade cerebral variando de Terapia Cognitivo Comportamental a meditação podem ajudar a desenvolver a mais ampla consciência de sinais sociais, uma sensibilidade mais profunda, uma perspectiva mais positiva e aumentar a capacidade de resiliência. O objetivo não é ir de um extremo ao outro, é ir do vagaroso para o rápido na escala de resiliência. Uma estratégia é concentrar-se atentamente sobre qualquer emoção negativa ou dor que está sentindo ou na dor de  alguém próximo.  Isso pode ajudar a sustentar a emoção e ao mesmo tempo aumentar a ativação do seu  córtex pré-frontal pelo menos por um tempo,  aumentando a ativação do seu circuito que é envolvido na dor e emoções adversas. Esse texto é uma adaptação da matéria da Newsweek fev/mar 2012

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